Moradia Gonçalves, Lisboa

Arquitetura & Design / Moradia Gonçalves, Lisboa

Moradia Gonçalves, Lisboa

 

A Moradia de 1955 a reabilitar e ampliar, localiza-se num lote na zona de Benfica em Lisboa, com um desenvolvimento predominante segundo um eixo Norte-Sul com cerca de 25,84 metros de comprimento e um desenvolvimento menor segundo o eixo Nascente-Poente, com cerca de 13,32 metros de largura.
A área envolvente à zona de intervenção faz parte do Traçado D do PDM de Lisboa e é caraterizada por um bairro edificado constituído por moradias unifamiliares geminadas, onde o contexto tem a particularidade do período do Estado Novo, integradas nos projetos dos “novos bairros” de Duarte Pacheco. Todas as moradias têm logradouros que permitem aos moradores uma vida de lazer ao ar-livre.
A arquitetura “Estado Novo” e da qual faz parte a moradia, teve início nas primeiras décadas do século 20, em particular a partir de 1918 quando foi institucionalizada a habitação promovida pelo Estado. Nasceram assim, vários bairros sociais em Lisboa que não saíram do papel mas, a partir da década de 1930, começaram a materializar-se destinando-se principalmente às classes baixas e médias-baixas. Na década de 50, surgem os últimos bairros construídos nesta lógica, nomeadamente o bairro onde se situa a moradia.
A moradia é uma construção que sofreu algumas alterações no decorrer dos anos com a descaracterização das fachadas. A alteração mais marcante é o atual revestimento a azulejos que destruiu a identidade arquitetónica. A poente foi construída uma varanda no alinhamento do vão da porta de entrada, substituindo o alpendre existente. Daqui resultaram alterações, em geral, puramente decorativas. O interior, mantem no essencial o desenho original.
O projeto assegura a manutenção das caraterísticas morfológicas dominantes da área, uma vez que a alteração com ampliação a realizar, respeita as tipologias arquitetónicas dominantes (moradias geminadas), o caráter volumétrico e arquitetónico do bairro, não existindo qualquer alteração da altura da fachada Sul (frente de rua) e Norte, assim como na configuração das coberturas existentes.
Relativamente à solução proposta para a ampliação da moradia, a mesma passará por ampliar o piso 1 e o piso 2 no comprimento em 5 m, assegurando a concordância dos planos da cobertura e a continuidade das platibandas, assim como a compatibilização dos materiais. A ampliação prevista assegura o alinhamento do novo edificado com o antigo, (nomeadamente ao nível da altura da fachada) optando-se por uma cobertura plana, que permitirá a colocação de painéis solares, sem que estes sejam visíveis a partir da frente de rua. Sem prejuízo da alteração do desenho original da moradia, mantêm-se os alinhamentos e a linguagem arquitetónica de linhas horizontais no alçado de tardoz, com dois vãos a todo o comprimento no Piso 1 e Piso 2, para aproveitamento da luz natural por estar voltado a Norte, não sendo visível esta construção a partir da Rua.
A ampliação da moradia destina-se a criar ao nível do Piso 1 maior habitabilidade, com a criação de um novo espaço destinado a sala de estar. Ao nível do Piso 2, a ampliação, permitirá criar um novo espaço destinado a um quarto “suite”, com instalação sanitária e uma varanda. No espaço do logradouro a Norte propõe-se a construção de uma piscina, sendo a restante área do logradouro reabilitada e revestida a terra vegetal, que permitirá a necessária permeabilidade do espaço. O interior do existente será também alterado, sendo que no Piso 1 serão demolidas algumas paredes não estruturais, com exceção da empena da fachada de tardoz, que terá um reforço na estrutura de pilares e vigas metálicas HEB. A escada será preservada, com uma pequena alteração na largura do primeiro lanço, em que será demolida a parede que atualmente divide a escada da cozinha.
Junto ao muro que delimita o lote a Norte, a pérgula existente atualmente em estrutura de pilares e vigas de betão, será substituída por uma nova pérgula em madeira de pinho, a toda a largura do lote até à garagem.
A construção da garagem será para manter, propondo-se apenas uma estrutura de pérgula, para ensombramento do percurso pedonal junto ao alçado nascente da garagem e o estacionamento do espaço destinado ao 2º veículo que fica em frente à entrada da garagem.

Arquitetura: Nuno ladeiro / Carmo Branco (arquitetos)
Colaboração: Barbara Raimundo (arquiteta) / Cristian Campanile (arquiteto)

 

 

Categoria

Arquitetura, Reabilitação

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