Localizada em São João das Lampas num lote de terreno com uma área total de 8.476,00 m2, identificado como área Urbana/Rústica pelo regulamento do PDM de Sintra, a moradia unifamiliar T6 tem uma área de implantação de 196m2 e uma área de construção de 392m2 com acesso a Poente do lote através da estrada de São João.

A localização da moradia teve em conta as pré-existências no local, os arruamentos murados em pedra que são demonstrativos da existência de construções anteriores que devem ser preservadas.

A arquitetura é composta por dois volumes, sendo que o volume do 2º piso tem um pequeno balanço em direção a norte de forma a não interferir com as pré-existências existentes no interior do lote. Por esse motivo, o volume arquitetónico do 2º piso está com as varandas em balanço na direção norte, de forma a permitir o uso de parte da cobertura do 1º piso a Sul e poente para varandas, sem que isso obrigue a que a implantação se sobreponha às pré-existências do terreno.

Quanto à conceção arquitetónica, o projeto inspirou-se na linguagem arquitetónica vernacular das casas tradicionais em pedra e nas casas caiadas da povoação onde se encontra o terreno. Criou-se um volume térreo todo revestido a pedra inspirado nas construções locais e um outro no piso superior, de linhas simples e superfícies brancas, inspirado nas casas tradicionais de paredes caiadas.

O volume do 2º piso com a cobertura inclinada a duas águas em telhas de zinco lacadas a branco, é uma referência à Casa Branca do Raul Lino (1879-1974), construída em 1920 nas Azenhas do Mar. A Casa Branca ou Casa do Marco, nas Azenhas do Mar, é uma residência de férias que Raul Lino construiu para seu próprio uso e é caracterizada pela estrutura simples que denota alguma austeridade tanto no espaço interior como na sua imagem exterior.  O espírito do Raul Lino manifesta-se numa composição austera e minimalista, com o uso de vãos generosos com superfícies envidraçadas que permitem obter elevados índices de luminosidade no interior, providenciando, nos períodos mais quentes, um espaço contínuo entre o interior e o exterior.

Quanto à integração urbanística, considera-se que a mesma se relaciona harmoniosamente com a paisagem e o interior da propriedade. A partir da via pública, a construção terá uma escala reduzida, por estar implantada a uma cota inferior, assim como em confronto com as construções a norte. A sul e poente, a vista sobre a construção será realizada a partir de uma cota muito inferior, tornando a edificação visível apenas pelo volume com as superfícies brancas, em harmonia com as demais construções de superfícies brancas.

No que diz respeito à implantação no terreno, as orientações foram decisivas na definição dos volumes e organização espacial. No piso térreo, a sala, a cozinha e o escritório ficaram orientadas a poente, com vãos de caixilharia de correr, que permitem abrir estes espaços diretamente para o terraço exterior e piscina. No piso superior encontra-se a área mais reservada da casa, ou seja, os quartos.