Recordar Manuel Graça Dias…
Fotografia de Fernando Guerra
O legado de Manuel Graça Dias está plasmado em muitas obras mas algumas traduzem melhor o carácter radical e aparentemente espontâneo do que outras, é o caso do Teatro Azul em Almada. O modo como Graça Dias e Egas Vieira trabalharam as formas está patente numa entrevista que li a propósito desta obra, escrita por José Mateus aos arquitectos sobre a cor do edifício. Segundo o próprio, Egas Vieira a propósito do edifício disse; “… numa reunião com o Joaquim Benite, à volta de uma maqueta feita em Roofmate – material azul de isolamento, prático para maquetas rápidas -, surgiu a questão: Esta cor está muito bonita, o teatro vai ser azul, não vai? Não tínhamos pensado nisso mas olhámos um para o outro e concordámos, até porque a pastilha azul, por ser muito usada em piscinas, é muito barata”.
Fotografia de Fernando Guerra
Como é evidente o resultado não foi apenas uma consequência deste acto espontâneo, existe por detrás um discurso arquitectónico coerente e que realça uma forte componente neo-expressionista no trabalho de Graça Dias e Egas Vieira. Ao observamos as formas arquitetónicas do Teatro Azul, somos remetidos para os projetos não realizados por alguns arquitectos expressionistas dos anos 20 do século passado, como por exemplo; o projecto de Wassili Luckhardt, para o “Teatro del Popolo” ou ainda, os maravilhosos desenhos de Hermann Finsterlin.
Numa primeira análise da descrição de Egas Vieira até parece espontâneo mas nada é fruto do acaso em Graça Dias mas sim radical.