O Teatro Municipal São Luiz inaugurado em 1894 foi palco de espetáculos de primeira grandeza da cultura nacional. Por ali passaram atores, dramaturgos, artistas, cineastas e empresários. Desde a primeira hora com um espírito cosmopolita e atento às modas do exterior, foi recebendo a sociedade aristocrática e burguesa da época. Ali aconteceram situações que marcaram a vida cultural portuguesa. Almada Negreiros leu o seu “Ultimatum Futurista”, em 1916, com Fernando Pessoa sentado na plateia, com uma audiência escandalizada. O filme futurista de Fritz Lang “Metropolis” foi projetado em 1928 na sala do S. Luiz acompanhado de orquestra.
O restauro do teatro pretende reavivar a memória do arquiteto parisiense Louis Reynaud, que projetou o teatro, outrora D. Amélia, em honra de Sua Majestade a Rainha. Mas a ideia da construção foi de um modesto ator, Guilherme da Silveira, que entusiasmou um conjunto de capitalistas, com destaque para São Luiz de Braga. Este Visconde rivalizou a atividade do Teatro D. Amélia com o Teatro D. Maria, intercalando espetáculos de extrema importância de drama, comédia, ópera, opereta, zarzuela, bailado, como Sarah Bernhardt, Eleonora Duse, Novelli, Réjane, Coquelin, Maria Guerrero, Mounet-Sully, Antoine, entre outros.
Em 1918, o Visconde de São Luiz, que fora o grande impulsionador do teatro D. Amélia, morreu e justamente foi feita a homenagem, tendo o nome definitivamente passado a Teatro São Luiz. Com a ascensão das novas salas de cinema, a projeção do filme Metropolis abriu caminho a uma disputa com o Tivoli, inaugurado em 1924, projetado por Raul Lino e que foi considerado o animatógrafo mais chic de Lisboa. Mas a verdade é que, a primeira voz que se ouviu no cinema em Portugal, foi com o filme francês “Prémio de Beleza” no São Luiz. Assim durante décadas, exibiu, quase em exclusivo, as produções da Metro-Goldwyn-Mayer, o estúdio mais forte e prestigioso de Hollywood.
Em 1971 o São Luiz depois de ter perdido público e audiência, foi adquirido pela Câmara Municipal de Lisboa e passou a chamar-se Teatro Municipal de São Luiz. Mais tarde e já em 1988, após um incêndio foi albergando esporádicos eventos. No final da década de noventa, foi elaborado um programa pelo arquiteto Francisco Silva Dias, que permitiu o lançamento de um concurso público internacional em 1998 para a requalificação e conservação do teatro. Em 1999 tiveram inicio as obras e posteriormente em 2000 a reabilitação e beneficiação da sala Mário Viegas, Jardim de Inverno e Cafetaria com o projeto do Arq. José Romano. Assim o Teatro São Luiz, abriu novamente portas com um novo espaço, o café dos teatros, sabiamente decorado por Nuno Ladeiro para afirmar o novo ambiente de tertúlia, o fantástico Jardim de Inverno com o restauro do painel fresquista “Neptuno” da autoria do cenógrafo Luigi Manini e com um novo ambiente que finalmente confere atualidade a este lugar majestoso.
O Café dos Teatros é um espaço destinado a acolher os públicos que vêm aos espetáculos e lugar de encontro de boémia e tertúlia Lisboeta. As cadeiras desenhadas pelo gabinete de design “Delphim Design” e editadas pela famosa marca alemã Thonet, com mesas desenhadas por Joan Casas i Ortinez, editadas por Indecasa, conferem ao espaço a aura e memória doutros tempos num ambiente moderno.
O Jardim de Inverno está decorado com mobiliário moderno, com cadeiras Impala, bancos altos OSLO, mesas Toscano desenhadas Joan Casas i Ortinez para aIndecasa.
Ao fundo da sala, o fantástico painel Fresquista “Neptuno” da autoria do cenógrafo Luigi Manini, que foi também autor do palácio da Quinta da Regaleira e Hotel do Buçaco.
Chiado, Lisboa
2010
Nuno Ladeiro
Design Interiores