Januário Godinho. O arquiteto esquecido.
Pousada de Sidroz – Alto Rabagão, Serra do Gerês. Vista da sala de refeições. A cobertura hexagonal transmite ao espaço um caráter simultaneamento contido (sobre si próprio) e aberto (à paisagem).
Este artigo move-se pela intenção de prestar homenagem a um arquiteto que ao longo de sensivelmente quatro décadas (dos anos trinta a sessenta do século XX) deixou-nos uma obra de inestimável valor que, embora primando pela diversidade nos métodos e linguagens, atingiu níveis de raro fulgor e beleza.
A obra de Januário Godinho tem, ao longo das décadas, sofrido de sorte díspar. Algumas das suas peças arquitetónicas mais singulares e valiosas encontram-se ainda hoje, abandonadas à sua sorte, em adiantado estado de degradação. Na verdade, só por ignorância e/ou incúria se permite que um património como este esteja em sério risco de desaparecer. E isto, num momento em que o distanciamento temporal nos permite entender, de modo muito claro, da sua importância e pioneirismo no quadro duma cultura arquitetónica portuguesa – e mesmo europeia do século XX.
Pousada de Sidroz – Rabagão, Serra do Gerês. Vista da entrada da Pousada. Fotografia de Estúdio Mário Novais.
Outras obras suas têm passado incólumes ao tempo, não por qualquer cuidado especial para com o património mas, tão só porque a necessidade e o pragmatismo assim o ditam. É o caso dos edifícios representativos – câmaras e tribunais – ou de algum outro, como o mercado de ovar, alvo de recuperação. Outras ainda, como a Pousada de Sidroz no Alto Rabagão (Serra do Gerês), passam por obras de profunda remodelação interior.
Perante tal realidade, devemos perguntar-nos, se somos dignos herdeiros de uma herança que, afinal, não protegemos nem perpetuamos, porque não sabemos, ou porque não queremos…
Pousada da Caniçada, projecto da autoria do arquitecto Januário Godinho
Pousada de Sidroz – Rabagão, Serra do Gerês. Vista do pilar em betão que suporta o telheiro que protege o acesso à pousada. Repare-se na articulação entre os diversos elementos arquitetónicos. Cada função é resolvida com uma forma que deriva do material que o constituí. Pilar em betão; viga em ferro; forro em madeira; parede com silhares de granito.
O ARQUITETO E A OBRA
O caráter reservado e a sua escrita (quase) ausente apenas permitem o analisar da obra construída. Mas adivinhar aí um percurso, uma lógica, revela-se tarefa difícil. Ainda assim, procuraremos vislumbrar o português das suas opções formais, quais os valores concetuais que a sua obra encerra e, principalmente, entender a sequência e o tempo das realizações.
Januário Godinho inicia-se na prática da arquitetura ainda muito jovem, com 22 anos apenas, com o projeto da Lota de Peixe de Massarelos (Porto, 1932). Obra de um apurado racionalismo, de um enorme rigor e eficácia no plasmar duma estrutura, que visível no interior do edifício, se assume com um grande vigor plástico na sua expressão exterior. Na precocidade e apuro da linguagem racionalista, não estará certamente ausente a influência do seu mestre Rogério de Azevedo, que nessa época assim, na mesma cidade do Porto, uma das mais consistentes obras do nosso primeiro modernismo – a Garagem do Comércio do Porto (1928-1932).
O edifício designado por Entreposto Frigorífico do peixe, foi vulgarmente conhecido por Bolsa do Pescado, denominação descrita nos desenhos de projeto. Esta construção inovadora e industrial, funcionava como frigorífico, possuindo um salão que abrigava a bolsa/lota do pescado. Atualmente e depois da reabilitação, deu lugar a um hotel.
Edifício do antigo Entreposto Frigorífico após a reabilitação e transformação em Hotel.
Idêntico paralelismo se pode constatar, aliás, quando Januário, projeta a moradia Afonso Barbosa (Famalicão, 1941), que primando por valores radicalmente diferentes da obra anterior, acompanha o mestre de São Gonçalo (Serra do Marão, 1942).
Moradia Afonso Barbosa, Famalicão. Vista da casa desde o portão de entrada com o enorme plátano preexistente, serviu de móbil à organização espacial da própria casa.
Estas duas obras apresentam igual sentido de adaptação e sensibilidade ao lugar, aos materiais e às técnicas tradicionais da nossa construção. Marcam o inicio da fase mais criativa e sensível de Januário. Fase que define o seu caráter e faz com que o recordemos como o mestre a quem muito deve a nossa cultura arquitetónica.
A moradia Afonso Barbosa pode, numa apreciação imediata e apressada, parecer uma de caráter tradicional, seja pelos materiais utilizados (a telha, os enormes silhares de granito, as rebuscadas carpintarias de madeira), seja pela aparência geral que remete à nossa tradição ancestral no modo de construir. Uma análise mais atenta revela-nos, contudo, uma sensibilidade ao lugar extraordinária e uma organização em planta, livre de preconceitos académicos, onde o mais importante é a vivência e o intimismo do lugar. Atitude que supera a mentalidade romântica, de há muito corporizada na polémica da Casa Portuguesa e dos valores atribuídos ( não muito corretamente) ao ideário de Raul Lino.
Moradia Afonso Barbosa, Famalicão. Vista da casa desde o portão de entrada com o enorme plátano preexistente, serviu de móbil à organização espacial da própria casa.
O esquema concetual da casa parte da existência de uma árvore – um plátano de grande porte – que, funcionando como um ponto de atração centrípeta, estrutura e organiza o conjunto, numa clara atitude organicista. A partir daí, é ver como o amplo telheiro de planta curvilínea recebe os visitantes, a sala de estar que – culminando numa enorme lareira -, funciona como rótula na organização da casa e abre, quase por completo, para um pequeno pátio posterior. Aí, desfruta-se das vistas repousantes do jardim e das sombras de uma pérgula que o resguardam das vistas exteriores. No lado oposto, um ala dos quartos remata o conjunto e empresta ao lugar aquele sentido de intimidade.
Pormenor da lareira. A importância dada à lareira na organização da casa, verifica-se tanto no interior como no exterior da casa.
Este descolar duma mentalidade romântica, decorativa e feérica, em direção a uma lógica organicista, universal, que valoriza o caráter expressivo dos materiais e a sinceridade das técnicas, que identifica o espaço como premissa e o lugar como substância, revela-se súbito, nas obras – particularmente nas pousadas – para a hidroelétrica do Cávado, na Serra do Gerês (que projeta a partir de 1946). Aí, uma aguda sensibilidade permite-lhe estender os lugares, respeitar a tradição e atualizar as linguagens, numa serenidade próxima da lição Wrightiana, de quem aliás se confessaria incondicional adepto. Sobre estas obras debruçar-nos-emos adiante, de modo mais demorado.
Pousada de Salamonde, Serra do Gerês. Vista da zona de acesso à pousada. O corpo superior alberga os quartos. Fotografia Estúdio Mário Novais
Vista do corredor de acesso à sala de refeições. Os panos envidraçados de generosas dimensões são enquadrados por gelosias, de modo a controlar a luz e a obter gratificantes efeitos.
Pormenor que mostra o modo como os diversos elementos se articulam entre si. Os diferentes planos e elementos arquitetónicas surgem de modo perfeitamente individualizado pois, para além da sua forma, destacam-se pelos materiais e pelas cores, contribuindo para a leitura do espaço e da forma arquitetónica.
Sala de refeições. É habitual em Januário Godinho, nomedamente nas pousadas do Gerês, a utilização de lareiras que funcionam como separadores espaciais e como elementos formais de grande vigor plástico.
Nesses anos retorna, pontualmente, a uma linguagem de cariz racionalista, numa obra que pelo seu caráter utilitário – um mercado (Ovar, 1948) e, talvez pela influencia de uma extrovertida arquitetura brasileira em betão (que à época por cá fez furor), de algum modo se justifica a si mesma. Fá-lo, não pelo rasgo da sofisticação técnica, do grande gesto ou do purismo formal, antes pela sensualidade de pavilhões abertos, dinamicamente animados em plantas curvas e coberturas invertidas.
Mercado de Ovar, Januário Godinho,1948.
Quase de imediato, no principio dos anos cinquenta, inicia uma série de obras de caráter representativo. A saber: Câmara Municipal de Famalicão (1952), Palácio da Justiça de Tomar (1952) e de Vila do Conde (1953) ou, ainda, o edifício sede da União Eléctrica Portuguesa, no Porto (1953). Modo de operar este que se mantém, durante a década, noutros tribunais por si construídos ou remodelados, como o de Ovar e o de Lisboa (ambos de 1960). São obras que, para além das manifestas particularidades, acusam no seu conjunto, um caráter solene, austero, grave por vezes, onde impera um classicismo, simultâneamente depurado (nos volumes) e excessivo (nos pormenores), simultaneamente contido (na sua missão urbana de configurar espaços) e ambíguo (no conciliar de materiais e técnicas díspares).
O Palácio da Justiça é um edifício que se encontra na rua Marquês de Fronteira, onde estão instalados o Tribunal e a Procuradoria das Varas e Juízos Cíveis de Lisboa. Foi inaugurado em 1970. Foi projectado pelos arquitectos Januário Godinho e João Andresen.
Simultaneamente, regressa à Serra do Gerês, onde efetua a ultima obra da série para a Hidroeléctrica do Cávado. A Pousada de Pisões (1959) e outras estruturas de apoio à barragem do alto rabagão (afluente do rio Cávado) revelam, por inteiro, o desenvolver do tema iniciado uma década antes. O complexo da pousada assume uma outra escala, riqueza e variedade, sem perder contudo o caráter doméstico e afável das intervenções anteriores. A influência e o homem a F. L. Wright é evidente, não só na que profere no Sindicato dos Arquitetos, nesse mesmo ano, em homenagem ao mestre americano .
Em 1960 realiza duas obras em colaboração com o seu antigo discípulo João Andresen, que se representam desiguais no tema, escala e sensibilidade: o imponente bloco em betão à vista do Tribunal de Lisboa e o Pavilhão Calouste Gulbenkian no Laboratório de engenharia Civil, também em Lisboa. O primeira explica a escala não só pelo facto de estar prevista, à época, uma urbanização em altura para o local, mas também pela linguagem “brutalista” adotada, num sincero esforço de atualização de linguagem. O segundo revela caráter de experimentação (o azulejo, o betão, o tijolo)e um sentido de adequação ao lugar (a horizontalidade e o pousar sobre a vegetação). Aqui, a serenidade da forma, equilibra-se na vibração da cor que emana das suas superfícies em azulejo.
Por este breve apontamento da sua carreira, podemos verificar a multiplicidade de atitudes e princípios assumidos numa lógica muito própria, em que «cada obra para Januário Godinho é uma invenção ab initio, um ato criador temperado pela aguda sensibilidade aos sítios, à Natureza ou ao sentido urbano do tecido já construído»
Assim, a sua obra, quando percorrida de relance, de um só golpe de de vista, confunde o observador, tal é a multiplicidade e variedade de propostas concetuais e formais assumidas, tanto mais que a uma análise diacrónica não assume sequer um discorrer previsível.
Quais as razões para um percurso tão variado quanto inusitado? Qual o espírito que o animava nesse deambular? Estarão por detrás fatores externos, como uma formação académica eclética – de cariz Beaux Arts – desajustada à época? ou será devido a uma crescente pressão ideológica vinda de um regime politico – o Estado Novo – o que, nessa época, não parava de crescer e de se afirmar?
Ou deverá ser antes em fatores internos, no âmago do seu caráter, que devemos procurar a resposta? Pensamos que sim, que é por aqui… vejamos porquê.
O HOMEM E O MUNDO
Como explicar a sua versatilidade – ou se quisermos, ecletismo-, se ele demonstra em momentos diferenciados da sua carreira, e desde muito cedo, com obras de qualidade insuspeita, estar muito para além das condicionantes – nomeadamente culturais e técnicas-, da realidade do seu país?
Como explicar a manipulação da sua carreira por parte de um regime autoritário, precisamente no momento em que este, fragilizado, muda de atitude e de rumo devido, nomeadamente, ao desfecho da Segunda Grande Guerra? Efetivamente, as obras de caráter representativo surgem na carreira de Januário, em plena década de cinquenta, quando os arquitetos tinham já uma grande margem de manobra para as suas opções. Veja-se, por exemplo, o caso do Tribunal de Rio Maior da autoria de Formosinho Sanches (1955), num desenho de sóbrio recorte racionalista.
Para além do caráter institucional, estas obras apresentam uma escala que se mostra inovadora nos temas que representam. Veja-se a Câmara Municipal de Famalicão ou o Tribunal de Ovar.
Não representam estas peças um sábio jogo de volumes, em escala contida, configurando espaços públicos de real valor, em que o sentido urbano se sobrepõe ao sentido majestático do edifício? Mesmo a decoração que “contamina” muitos desses edifícios, não parte de um sentido criativo da luz com o intuito de enriquecer os interiores? Não corre ele riscos – como no caso o Tribunal de Tomar – ao tentar conciliar o uso gravítico da pedra com a plasticidade do betão, no enorme tambor suspenso da sala de audiências?
Câmara Municipal de Famalicão. Vista da Praça de acesso. Repare-se no cuidado colocado no enfiamento das perspetivas. Isto é, o novo edifício organiza os seus espaços exteriores em função dos alinhamentos pré-existentes, de modo a valorizarem-se mutuamente.
No edifício sede da União Eléctrica portuguesa, não consegue ele realizar um edifício moderno, mas respeitador das pré-existências, entendidas estas tanto no sentido urbano como no da interligação ao edifício eclético, ao qual lhe coube em missão ligar-se? E não o faz repare-se, com um discurso fundamentalista – seja ele o do monumentalismo passadista ou do vanguardismo de rutura -, mas através do difícil equilibrismo duma modernidade em continuidade.
Assim, mais do que versatilidade, ecletismo ou oportunismo, julgamos ver uma obra concetualmente diversificada, mas íntegra, porque indiferente a polémicas e radicalismos, e que resulta, tão só, de alguém que, em consciência, ouve o que a sua genialidade lhe dita. Essa serenidade ativa permite-lhe percorrer um caminho tão singular quanto inesperado, onde entender cada obra, nas motivações que a originaram, é perceber a personalidade e o mundo do seu criador, logo o todo de onde resulta a parte.
Januário, encara a profissão como a vida, com um profundo sentido humanista, onde a valorização da cultura e o caráter dum país – o seu -, estavam muito acima dos interesses de prestigio e notoriedade pessoal. É essa postura de sobriedade, de ausência de protagonismo, indiferente a uma suposta coerência de percurso de autor que, a partir de então, vemos as gerações seguintes esvaírem-se em discursos cada vez mais atomizados e egocêntricos.
Esse velho hábito de ver – unilateralmente – outras épocas sob o prisma dos nossos valores e pontos de visão mais descomprometida e mais profunda. Hoje por hoje, o distanciamento temporal permite-nos um olhar mais racional e menos comprometido, seja com discursos ideológicos mais ou menos inflamados, seja com estéticas contemporâneas tomadas como dogma.
São-nos permitidas preferências. Podemos, retrospetivamente, dizer quais as obras que melhor resistiram ao tempo. Podemos, igualmente, dizer quais as que mais influenciaram o futuro imediato, e até quais as que melhor perpetuarão o seu nome. Mas devemos entendê-las a todas como filhas da mesma força e lógica criativa. É a partir deste pressuposto que se inicia a nossa escolha…
AS POUSADAS NO GERÊS: A FORÇA DO LUGAR E A SENSIBILIDADE DA INTERVENÇÃO
É comum que os valores concetuais que moldaram o pensamento arquitetónico contemporâneo – aqui especialmente mas também lá fora -, se precipitaram entre o fim da Segunda Grande Guerra e o final da mesma década. Momento decisivo de viragem, em que dois homens entrevêem o futuro: Keil do Amaral com a obra escrita, Januário Godinho com a sua obra construída. É por então que Januário assina uma série de obras, tão portentosas quanto singulares, – as pousadas e outras estruturas de apoio às barragens da Hidroelétrica do Cávado. Nessas obras «Januário Godinho soube entender os valores do sítio, da força telúrica da serra do Gerês, projetando uma série de belíssimos objetos, que se afirmam como marcos assinaláveis na história da arquitetura moderna portuguesa»
Estes organismos arquitetónicos comungam de um mesmo saber, no sentido duma perfeita integração no lugar, orientando-se no sentido da paisagem, moldando-se às particularidades da topografia, utilizando materiais que se contextualizam, deixando, enfim, que a tradição sirva de guia no momento da intervenção.
Concebidas como estruturas de apoio ao funcionamento dos complexos hidroelétricos, destinavam-se a acolher os funcionários que, por esta razão, se viam na contingência de permanecer por períodos mais ou menos longos, naquelas inusitadas paragens. Neste sentido, funcionam como pequenos organismos que privilegiam, em primeira instância, a escala doméstica e o sentido do habitar.
A aproximação a qualquer destes edifícios envolvidos pela vegetação – hoje muito mais que ontem – deixa desde logo perceber o cuidado com a envolvente, pela moderação das volumetrias, na sua acentuada horizontalidade, reforçadas quer pelo inclinar das coberturas em telha, quer pelos vãos modulados.
O equilíbrio entre tradição e modernidade é, porventura, o rasgo que melhor permite explicar o acerto e a intemporalidade destas obras. Assim, os envasamentos graníticos oscilam entre a rusticidade dos seus desenhos e texturas e a sofisticação da sua execução (pousada de Salamonde); os vãos ritmados multiplicam a pequena unidade para que esta se torne ampla, numa modulação de nítido recorte humano, tudo com a cumplicidade de pilotis rasantes que velam pela integridade do conjunto (Salamonde, Sidroz); os acidentes topográficos que se insinuam, no interior, no interior, no sentido da articulação e riqueza do espaço (Caniçada); os espaços interiores fluem, jogando ora com a plasticidade de elementos que articulam e diferenciam zonas, nomeadamente pelo recurso às lareiras de face dupla e a painéis que do interior (Salamonde, Pisões); a articulação espacial através de uma cuidada conjugação de planos – pavimentos, paredes, tetos – que, jogando com materiais, cores e texturas, enriquecem o espaço. articulando-o (Salamonde, Vila Nova, Pisões).
São obras em que o tempo era outro. Tudo era pensando, amadurecido, desenhado, acompanhado… É ver como o mais ínfimo pormenor faz parte duma mesma lógica pensada a várias escalas. É ver como cada parte ou elemento se insere no conjunto, sem abdicar da sua própria personalidade. No exterior, as telhas planas, as gelosias, as guardas, as vigas, os paramentos, os vãos… No interior, a individualização dos pavimentos, tetos e planos murais, dos painéis cerâmicos, balcões, lareiras escultóricas, mobiliário, candeeiros…
São obras em que o tempo era outro. Tudo era pensando, amadurecido, desenhado, acompanhado… É ver como o mais ínfimo pormenor faz parte duma mesma lógica pensada a várias escalas. É ver como cada parte ou elemento se insere no conjunto, sem abdicar da sua própria personalidade. No exterior, as telhas planas, as gelosias, as guardas, as vigas, os paramentos, os vãos… No interior, a individualização dos pavimentos, tetos e planos murais, dos painéis cerâmicos, balcões, lareiras escultóricas, mobiliário, candeeiros…
Obras que como nos diz Januário Godinho parafraseando Wright: «O sentido perfeito do real pertencente aos que avistam o ideal. Quem ignora a folha, não conhece a raiz. O ideal é a última expressão da realidade, ou ela continuar-se além de si».