O elogio à forma curva de Arne Jacobsen

Arne Jacobsen foi uma figura de referência na arquitetura dinamarquesa e no movimento funcionalista. A sua arquitetura exaltou os preceitos do Movimento Moderno consubstanciados na Bauhaus através da linha pura, da funcionalidade, nos vãos de janela amplos e superfícies brancas constituídas por sólidos puros.

Arne Jacobsen formou-se na School of Architecture at the Royal Danish Academy of Fine Arts. Tinha muito talento e para além da arquitetura desenvolveu inúmeros projetos de mobiliário de uso diário nos edifícios de sua autoria.

Ganhou uma medalha na Exposição Internacional de Artes Decorativas de Paris com uma cadeira desenhada para o mestre de carpintaria dinamarquesa, Niels Vodder. Este projeto contribuiu para prestigiar as inovações do design dinamarquês. Na exposição, Arne Jacobsen conheceu a obra de Le Corbusier e aderiu com facilidade ao Estilo Internacional. Mas, no contacto direto com Mies Van der Rohe e Walter Gropius em Berlim, aproximou-se de um design mais purista e de conceção funcionalista.

Casa de férias, 1956

As formas geométricas básicas da arquitetura fascinaram Arne Jacobsen. O círculo ao estar associado a um significado especial enquanto imagem de perfeição, beleza, harmonia e unidade, inspirou um dos seus primeiros projetos,  a casa do futuro.

A casa do Futuro, 1929. A máquina de habitar de Arne Jacobsen.

Em 1930, o arquiteto alemão Erich Mendelsohn realizou duas conferências na Royal Danish Academy of Fine Arts em Copenhaga sobre construção industrial,  edifícios comerciais, assim como, as suas ideias sobre o novo desafio do betão armado na arquitetura, o que influenciou Arne Jacobsen e a sua arquitetura.

A Casa Redonda – Leo Henriksen House – 1956

Depois de explicar o papel de Le Corbusier e Gropius na formulação do funcionalismo na década de 1920, o teórico Steen Eiler Rasmussen resumiu do seguinte modo a arquitetura moderna da Escandinávia: “Eu cheguei à conclusão de que o funcionalismo teve sempre dois ideais muito diferentes, uma ética e uma estética. A ética queria uma arquitetura verdadeira, uma arquitetura determinada inteiramente pela função. A estética desejava a tecnologia moderna para criar uma linguagem moderna. Estes dois ideais na Alemanha foram representados essencialmente por Gropius / Hannes Meyer e na Dinamarca, por Edvard Heiberg / Arne Jacobsen”.

A imponente escada do SAS Royal Hotel em Copenhaga

 

Interior do SAS Royal Hotel Copenhagen

Nos países da Escandinávia, a nova geração de arquitetos e empresários nascidos por volta de 1920 recebeu um treino profissional nas novas e reformadas escolas de artes aplicadas, que formaram os empresários industriais nas artes decorativas. Após a 2ªguerra, estes empresários abriram as suas empresas dedicadas à produção de objetos de design industrial e à produção em massa de objetos de uso diário. Foram empresas especializadas nos setores do vidro, têxtil, porcelana, metais e mobiliário. Depois da 2ªguerra houve uma grande procura de produtos para a casa. Para esta nova geração foi fundamental associar uma estética aos objetos de utilização comum e de baixo custo. Surgiu assim, uma corrente de expressão estética baseada na igualdade, harmonia e equilíbrio da qual fez parte Arne Jacobsen.

Estação de serviço da Texaco, 1937